
Inspirado na história em quadrinhos documental Diamba, Histórias do Proibicionismo no Brasil, de Daniel Paiva, o trabalho fala de forma ética e responsável sobre esse tema. “Durante a leitura, eu já conseguia construir várias cenas na minha cabeça. E, para mim, era importante fazer um espetáculo positivo, sem cenas de pessoas sendo presas e sem nenhum tipo de violência, mesmo que o livro mostrasse como a maconha também está ligada ao racismo estrutural”, conta Renata.
O foco dos artistas foi abordar diversos aspectos da diamba - sinônimo para maconha - , incluindo seus usos medicinais, recreativos e até ritualísticos. “Tudo isso é apresentado para a plateia de um jeito muito natural. Durante o espetáculo, por exemplo, acontece uma conversa com o público, sempre acompanhada por um médico ou um cientista”, acrescenta.
A montagem tem início com a chegada da erva no território brasileiro com a população escravizada. “Descobrimos que essa é a planta do Exu, porque ela permite a comunicação entre os dois mundos. E esse talvez seja um dos motivos pelos quais ela é criminalizada”, comenta a diretora.
Outro assunto importante em Diamba é a existência de muitas notícias falsas sobre a cannabis. De acordo com Renata, foi um brasileiro o responsável por transformar a cannabis em algo tão nefasto quanto o ópio ou a cocaína - e isso está diretamente ligado à questão da religiosidade.
A imagem é de Lígia Jardim.
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