Com trajetória ligada ao Numanice, DJ Tamy afirma: “Estamos fazendo história”

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Natural da Zona Norte do Rio, com mais de 15 anos de carreira conectando música e identidade, a DJ Tamy é parte da jornada do Numanice desde o início. “Lembro direitinho da primeira vez que toquei. Era o primeiro Numanice público, ainda pequeno, com aquele clima de pagodinho de fundo de quintal. Tinha 3 mil pessoas no máximo. Foi no Rio Beach Club, céu aberto, vibe de família suburbana. Foi muito gostoso. Hoje é outra história”, relembra.

Hoje DJ oficial do evento, e também amiga de Ludmilla, Tamy vê de dentro a ascensão de um projeto que se tornou um dos maiores símbolos de renovação do samba nacional. “Tudo que é bom cresce, né? O Numanice tem uma identidade muito forte, porque trata o pagode como deve ser tratado: com carinho, com investimento, com estética. E ainda é conduzido por uma artista gigante como a Lud, que veio do funk, do pop, e está levando o samba e o pagode a lugares enormes. Isso é muito simbólico”, destaca.

Além da potência sonora, há uma força simbólica no que acontece ali. “O mais bonito é ver que ninguém sobe sozinho, então ter a chance de estar no palco é também abrir espaço pra outros artistas como nós. Isso é legado, é quebrar paradigmas. É como dizer, olha, a gente tá aqui e tem que estar mesmo”, afirma.

Ao longo dos anos, a artista desenvolveu um estilo próprio como DJ. No Numanice, seus sets funcionam como uma preparação do clima, criando a atmosfera para o show. “Costumo tocar antes do show da Lud, então eu penso muito numa atmosfera de chegada,
de vibe boa, de preparação. É aquele momento que o público tá começando a se entregar, tá todo mundo sentindo o clima. Meu set é como preparar o coração da galera”, explica.

Mesmo em meio à energia grandiosa dos palcos lotados, como no Engenhão ou na Sapucaí, o momento que mais marca são os detalhes íntimos. “Teve um show que eu abaixei o volume do meu som e ouvi o estádio inteiro cantando. Foi absurdo. E tem essascoisas pequenas, mas gigantes, como quando a Lud vem me abraçar ali no backstage, mesmo na correria ou me chama pra ficar no palco com ela na hora do Ludbrisa. Isso ninguém vê, mas eu nunca esqueço.”

DJ Tamy destaca que a conexão com Ludmilla vai além dos palcos e se fortalece pela afinidade musical. As duas compartilham referências como R&B, charme e pagode romântico, estilos que fazem parte de suas vivências. Essa sintonia é o que torna a parceria tão natural. A DJ, inclusive, já esteve presente em momentos íntimos da vida da artista, como os aniversários da própria Ludmilla e de sua mãe, Silvana, além do chá de bebê da filha Zuri e outras celebrações em família. “São essas vivências que mostram como a música também é afeto”, comenta.

Para ela, estar no palco representa a força das mulheres pretas que transformam a música, seja no pagode, no samba ou em qualquer gênero, criando e fortalecendo caminhos, o que a emociona.

Com um EP recém-lançado, o Baile da Tamy (2024), e uma carreira que une rádio, TV, pista e formação, a artista reforça que o Numanice não é só uma data na agenda, é parte da história que ela ajuda a construir. “Ali não é só festa. É cultura, é posicionamento, é emoção. E é onde eu quero estar, com meu som, como ideal, com a verdade.”

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