
8 de outubro de 1962. Aproximadamente 2.800 pessoas na plateia do Carnegie Hall, a casa de shows mais importante de Nova York à época, recebiam e aplaudiam de pé um grupo de músicos brasileiros, os mesmos que na capital fluminense compuseram e cantaram “Garota de Ipanema”, “Desafinado”, “Samba de Uma Nota Só”, entre tantos outros. O show foi gravado por veículos da imprensa internacionais (como CBS, Voz da América e BBC) e transmitido no Brasil pela Rádio Bandeirantes.
Com identidade musical original, a bossa nova uniu o jazz à percussão típica brasileira do samba. Diferentemente da característica espetaculosa da música brasileira midiática que a antecedeu, com sua elegância e simplicidade o gênero ganhou o mundo à partir do histórico show no Carnegie Hall.
Mas e hoje, século XXI, ano 2025, essa ainda é uma realidade? A bossa nova permanece referência para artistas e públicos estrangeiros? Dado Sá, cantor, compositor, instrumentista e produtor musical brasileiro há mais de 25 anos nos EUA confirma a tese com base na sua vivência, em seus shows e nos shows que assiste e nas ruas e bares da Terra do Tio Sam. Para ele, a influência da bossa nova é inquestionável e de importância ímpar principalmente no universo do jazz, ontem e hoje.
“Os americanos tem muito respeito pela bossa nova. Sobretudo ela, mas toda música que vem do Brasil é considerada de alta qualidade por sua complexidade melódica, percussiva e credibilidade de artistas brasileiros em geral. A música brasileira dentro de qualquer métrica ou ritmo possui muita melodia e ginga, balanço... e isso é associado de imediato. É muito como o futebol que tem a reputação... se vem do Brasil vai ser bom.”, disse ele, que vive em Denver, capital do colorado.
O músico, que tem a bossa nova como referência principal em suas composições e gravações, reforça a importância histórica do movimento, o que já garante o respeito e a admiração dos americanos, que tiveram seus gêneros musicais, artistas e mercado fonográfico influenciadas por ela. “É muito fácil encontrar em uma apresentação de jazz em qualquer parte do país, algumas canções de bossa, se não várias nos repertórios. De uma maneira pessoal eu fui uma vez convidado por um baixista amigo que se formava em um mestrado em música de uma Faculdade muito conceituada, para uma apresentação conjunta. Um dos requerimentos era interpretar uma bossa... veja só a credibilidade do estilo, que bacana!”.
A imagem é de Jefferson Alcântara.
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