Um dos projetos mais belos, completos e ambiciosos da MPB das últimas duas décadas está, por fim, ao alcance de todos a partir de hoje, 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba, nas principais plataformas de áudio e vídeo. Trata-se de “Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia – Ao Vivo”, resultado de um show que reuniu pela primeira vez um painel de sambas representativos de autores baianos desde os primórdios do gênero, com direito à participação de várias gerações de artistas da terra.
A sambista teve a proeza de congregar um elenco inédito, jamais antes ou depois reunido, incluindo seus contemporâneos Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia, outros revelados nos anos 1980 e 90, como Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Margareth Menezes e o grupo Olodum, sem esquecer o veteraníssimo Riachão, a então novata Mariene de Castro ou o inventor da guitarra baiana Armandinho Macedo. Ela também levou ao palco nomes da música baiana mais conhecidos por suas obras de compositores, como Edil Pacheco, Nelson Rufino, Roberto Mendes e Walter Queiroz, além de Danilo Caymmi, carioca, representando o pai Dorival, a quem o trabalho é dedicado, por ter imortalizado personagens, paisagens, cenas, festas e o próprio sotaque musical da Bahia em sua clássica obra.
O projeto foi gravado no legendário Teatro Castro Alves, em Salvador, nos dias 22 e 23 de agosto de 2006, sendo registrado para sair em DVD, dirigido por Lula Buarque de Hollanda, da Conspiração Filmes. E 18 das 30 faixas foram lançadas também num CD ao vivo. Ambos chegaram ao mercado em novembro de 2007 pela EMI (atual Universal Music) em parceria com o selo da cantora – Andança, que leva justamente o nome de seu hit inicial. Este projeto já era acalentado pela cantora desde os anos 1990. Sua ideia originalmente era fazer um disco de sambas de roda do Recôncavo Baiano, para o qual chegou a pesquisar pérolas do gênero com o compositor Edil Pacheco e filmar em Santo Amaro da Purificação. Contudo, não foi adiante.
Na década seguinte, de 2000, já com a mídia DVD em vigor (os primeiros títulos musicais editados saíram em 1999), o projeto cresceu e só foi viabilizado graças ao prestígio da cantora e o empenho do então empresário de Beth, Afonso Carvalho. E bota empenho nisso, pois era uma aventura cara e necessitava de grandes patrocinadores. Pois quando as datas de gravação das duas dezenas de artistas convidados já estavam marcadas, o dinheiro arrecadado se mostrou insuficiente, e ele partiu feroz para conseguir o restante, atrasando-o em três meses, mas a força da ideia era tão grande que, enfim, tudo se realizou.
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