Professor de samba cria projeto gratuito em hostel no Rio

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Repletas de baladas de reggaeton e pop, as noites do litoral sul do Rio para estrangeiros mostram um Brasil diferente do vivido pelos cariocas. Indo de encontro a este cenário, o professor de dança Bruno Cantisano criou em 2011 o projeto Samba Class Rio para ensinar o ritmo.

Logo após as aulas, Bruno leva os alunos para conhecerem, de fato, como o carioca se diverte. “Acho que a dança serve como uma ponte cultural. Eles se sentem inseridos dentro de algo que não é feito para turistas, mas que faz parte da realidade dos cariocas que é ir ao samba curtir com amigos, conhecer as letras”, diz ele.

As aulas acontecem toda terça-feira no Bar do Deck do Pura Vida Hostel, às 20h, e duram uma hora. O casarão do século XX, que fica aos pés do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, ficou conhecido por reunir estrangeiros e cariocas todas as noites. Os encontros são rápidos, com movimentos mais naturais para que os alunos possam aprender o básico rapidamente.

Entre uma cerveja ou um drink servido no bar do hostel durante as aulas, os estrangeiros vão perdendo a vergonha de soltar o corpo para “deixar o samba entrar” e parar de ver o ritmo como algo difícil. Há dias em que ele dá lugar para as danças de salão tradicionais do Nordeste. Logo após o minicurso, o grupo segue para uma roda de samba ou um baile de forró.

As aulas começaram dentro de uma escola de português em Ipanema e depois da pandemia passaram a funcionar também no hostel em Copacabana. Bruno conta que a maioria de seus alunos são viajantes que já dançam alguma coisa e estão acostumados a aprender novos ritmos nos países para os quais viajam.

“Eu via que isso acontecia em outros locais… A gente vai para a Argentina, faz uma aula de tango e depois pode ir para uma milonga, vai para a Colômbia ou em Cuba, tem uma aula de salsa e depois vai para uma festa de salsa. Eu vi que isso não estava acontecendo no Brasil e decidi fazer”, lembra ele.

O foco do projeto não são apenas as aulas, mas a troca de idiomas e os “rolês” culturais. Na realidade, as classes servem como preparação para que os alunos não se sintam deslocados em rodas de samba, onde as pessoas dançam e curtem e os estrangeiros geralmente só assistem.

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