Tom Ashe idealizador do Favela Brass, chegou ao Brasil em 2008, e ao longo de vários anos percebeu um problema social, onde crianças de famílias mais pobres, especialmente aquelas vivendo em favelas cariocas, não tinham a oportunidade para aprender instrumentos de sopro devido à falta de acesso e ao preço dos instrumentos. Foi então que em 2014 decidiu se mudar para comunidade Pereira da Silva, no Rio de Janeiro, e começou a ensinar crianças e jovens moradores locais em sua própria residência.
O grupo começou com apenas 4 crianças tendo aulas três vezes por semana e em 2016 já tinham mais de 30 alunos. Durante este trajeto Tom se juntou mestre percussionista Mangueirinha São Vicente da escola de samba Vila Isabel, trompetista americano Joe Epstein, e muitos outros professores voluntários brasileiros e internacionais.
Para conseguir manter o projeto, Tom Ashe começou a produzir e vender comida indiana em sua residência uma vez por semana, e recebeu também doação de instrumentos dos conterrâneos e músicos ingleses para alavancar o seu sonho de conseguir introduzir o ensino musical de sopro nas comunidades cariocas.
Hoje, o projeto sobrevive e cresce com ajuda de trabalho voluntário, auxílio da Lei Rouanet, doações online, patrocínio e outras atividades para angariar fundos. O Favela Brass atende adolescentes entre 8 e 18 anos, com cerca de 220 alunos em 6 escolas públicas cariocas através de um projeto-piloto, autorizado pela Secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro, e 40 alunos moradores das comunidades de Pereira da Silva, Fogueteiro, Fallet e o Morro dos Prazeres em sua residência.
Tom Ashe diz que “o suporte e ajuda foram fundamentais para que o ensino musical chegasse a mais pessoas. O número de voluntários, não eram o suficiente atender o número de estudantes esperado, com a ajuda que recebemos hoje contamos com professores contratados e conseguimos comprar os instrumentos necessários, e já chegamos a várias escolas públicas. Alguns de nossos alunos já se tornaram professores e outros só aprenderam a ler após aprender a tocar, é muito lindo ver esta transformação acontecer”.
Os alunos durante as aulas aprendem a tocar instrumentos de sopro, percussão com um repertório típico das fanfarras e blocos de rua – de sambas e marchinhas ao funk carioca, e a ler partitura. Além da música tradicional brasileira, as crianças do Favela Brass são regularmente expostas ao jazz e à música improvisada, principalmente o estilo de segunda linha tocado por bandas de metais em Nova Orleans.
O Favela Brass realiza oficinas na comunidade Pereira da Silva em Laranjeiras e no Aterro do Flamengo, e apresentações públicas com os alunos ao longo do ano. O projeto tem uma banda composta por 10 músicos que se apresentam na comunidade Pereira da Silva e também como convidados em alguns bares do Rio, espaços públicos e festivais de Jazz. Marcos Henrique, ex-aluno e hoje professor do projeto, conta que seu maior desejo e também de todo grupo e fazer mais apresentações pelo Rio de Janeiro, pelo Brasil e quem sabe até no exterior.
A aluna do projeto Maria Rita acrescenta, “temos várias versões de músicas brasileiras de famosos, já compartilhamos alguns vídeos em nossa rede social e alguns até nos responderam e replicaram o vídeo, e já recebemos também a visita vários artistas locais e internacionais. É muito gratificante ser reconhecido pelo nosso trabalho e esforço. Torcemos para que mais artistas consagrados nos vejam e quem sabe até nos convide para abrir um show, e que mais espaços se abram para fazermos o que mais gostamos, tocar”.
A sede do projeto fica localizada Rua Almirante Alexandrino, 2023, no bairro Santa Teresa, Rio de Janeiro, onde a banda e grupo Favela Brass se apresentam todas as primeiras segunda-feiras de cada mês gratuitamente.
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