Um dos artistas de pagode que ganharam os holofotes e o público brasileiro na década de 1990, Salgadinho é um cantor e compositor que, mais recentemente, se apegou às redes sociais como espaço para revelar também suas opiniões como cidadão. Para mais de 370 mil seguidores no Instagram, ele compartilha, por exemplo, mensagens e imagens a favor da democracia, da consciência negra e da valorização do samba. E são esses temas e essa forma de expressar que se destacam na entrevista concedida pelo artista em mais um episódio do Papo de Música, apresentado pela jornalista Fabiane Pereira. O programa, que chega ao YouTube nesta terça-feira, 29 de novembro, (assista aqui), encerra a temporada especial do mês da Consciência Negra. Papo de Música também vai ao ar em toda a rede de rádios Novabrasil FM.
Como vocalista do Katinguelê, grupo de pagode que estourou há pouco mais de 30 anos ao lado de outras figuras da cena, como Negritude Júnior e Soweto, Salgadinho tem uma trajetória de dedicação à música. No entanto, um dos momentos que mais o emociona ainda hoje, conta na entrevista, é de uma multidão em São Paulo que fez um “mar de flashes” de câmeras fotográficas quando ele e os companheiros de banda subiram ao palco. “Éramos nós, Racionais [MC’s], Sampa Crew, Negritude. Ninguém tinha gravadora ainda nem era famoso, mas eram muitas fotos. Foi um dia emblemático e mágico”, conta ele.
Apaixonado por cavaquinho, Salgadinho é uma das referências no instrumento, especialmente por ter criado videoaulas para iniciantes quando o formato de ensino ainda não era tão popular. O apego pelo samba, diz o artista, vem do berço musical em que foi criado. “A música preta estava o tempo inteiro comigo. Na minha casa, a gente ouvia Jorge Ben Jor, funk americano, samba rock, Stevie Wonder e também Fundo de Quintal, Martinho da Vila, Clara Nunes, Jorge Aragão”, explica.
Por ter conexão direta com sua origem, negra e periférica, Salgadinho conta que resolveu ser protagonista de seu letramento racial e de cidadania; e são essas descobertas e opiniões que costuma publicar no próprio perfil do Instagram. “Abri meu perfil para ser eu mesmo. Lá não tenho sócios, empresário ou companheiros de banda. Com o cenário político que temos no mundo, resolvi mostrar minha cara, porque as pessoas não conciliam a imagem do Salgadinho noventista com quem eu sou”, completa o cantor.
A conversa com Fabi ainda passa pelo impacto do sucesso do Katinguelê na vida do cantor, a forma com que ele encara o racismo e o que Salgadinho pensa sobre o que faz um grande artista. “Acho que é entender e respeitar quem você é, e isso não é só para artista, é para cidadão. Se você não for uma pessoa decente, vai ser grande até certo ponto e dps vão descobrir que você, na verdade, é muito pequeno”, analisa ele.
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