Prettos lançam EP "Axé, Fogo"

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Às vésperas de mais uma edição do tradicional Quintal dos Prettos, programado para este domingo, 03 de julho, no Espaço Maria Zélia (São Paulo), os irmãos Magnu Sousá e Maurílio de Oliveira lançam “Axé, Fogo”, o terceiro de um total de quatro EPs, que vão compor o próximo álbum dos Prettos. Assim como nos anteriores "Axé, Ar" e "Axé, Água", um elemento da natureza é usado para direcionar as ideias compartilhadas.

Se no antecessor os temas estão relacionados ao lado mais humano, abordando o amor, espiritualidade, saúde mental e auto ajuda, “Fogo” é o oposto. Os sambas tratam do momento político do Brasil, a corrupção, a realidade da população periférica que sofre com a violência,
inclusive crianças que morrem por balas perdidas, incentivo ao armamento e o crescimento do feminicídio.

"É dedo na ferida, porque a gente fala de coisas que muita gente não tem coragem de falar”, afirmam. “Sabemos que o samba tem o poder de mobilizar a sociedade. É do samba falar sobre questões sociais, mas o tempo passou e isso foi se perdendo e/ou encontrando barreiras dentro da indústria musical".

Esses assuntos são tratados em cima de uma cadência perfeita criada a partir da união do cavaquinho, tantã, surdo, pandeiro e repique de mão. E para criar o repertório, lírico e instrumental, os PRETTOS fazem parceria com os cantores e compositores Sereno (do grupo Fundo de Quintal), em “Saravá Ogum", e Carica Sensação, na provocativa “Pilantragem”. Aos dois sambistas legendários se junta a Bateria Ritmo Puro, comandada pelo mestre Sombra da grande Mocidade Alegre, que participa da faixa “Carnaval”.

"Nos sentimos honrados por fazer parte da mesma atmosfera e compartilhar músicas com estandartes do samba, assim como fizemos com Ney Lopes, Marco Antônio e Murilão. É uma responsabilidade nossa também manter o legado deles vivo", dizem.

Mais uma parte do disco “Axé”, que terá 16 composições, cada uma representando um orixá, “Axé, Fogo” complementa os dois que abriram a série, e antecede o “Axé, Terra”. A capa assinada pelo renomado Dracoimagem mantém o aspecto afrofuturista que premeia o projeto e a simbologia da figura feminina na criação do mundo. Tem um pouco da representatividade da maternidade e de Odudua, orixá funfum sagrado que faz parte da criação do mundo. Uma mulher preta ajudou na formação do mundo.

“Todos eles têm como características principais falar um pouco da verdade do dia a dia e da nossa religiosidade. E o álbum segue uma linha que a gente acredita, a forma que a gente trabalha. É um samba de raiz, ideológico, com alguma coisa a dizer, e que está alicerçado no candomblé e umbanda. É música preta”.

A imagem é de Alex Pires.

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