Essa história tá cantada no novo trabalho de Xande, que revisita o Pagode do Quintal da Tia Gessy, no Cachambi. Ali, no começo dos anos 90, num 20 de janeiro, não à toa dia de São Sebastião, padroeiro do Rio, ele descobriu que podia sonhar e, pra sorte do país, virou um grande artista.
O trabalho que já nasce como uma obra-prima da canção brasileira é também um manifesto de resistência da cultura popular. Reverencia gênios como Almir Guineto, Arlindo Cruz e o lendário Mestre André, inventor da paradinha na bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel.
Xande pega o público pelas mãos e leva a um passeio por sua memória afetiva que passa pela favela do Jacaré, na zona norte do Rio, por São Paulo, onde ia atrás de novidades para cantar e ainda pelos territórios sagrados do samba como Oswaldo Cruz, Madureira, Estágio, Mangueira, Portela e Salgueiro. A fotografia é de um artista em plena forme, brilhante. Um cantor maduro e completo, com pleno domínio da música e do improviso. Dorival Caymmi dizia que difícil é alcançar o simples e Xande faz isso naturalmente. Pagode da Tia Gessy é vestido com uma simplicidade tão brilhante que nos transborda pra dentro de uma roda de samba. É o mais puro suco de Rio de Janeiro, essência do Brasil.
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